Embora seja impossível contemplar todos os fatos da vida de uma pessoa em uma linha do tempo, apresentamos aqui o esforço de condensar em tópicos os acontecimentos que marcaram a vida e os trabalhos de memória em torno de Frei Tito de Alencar. São fatos pessoais e acontecimentos externos que, direta ou indiretamente, perpassam (e transbordam) a sua existência.
Fios de um emaranhado cuja tecitura ainda está por fazer, cada tópico e cada imagem apresentada é antes de tudo um convite aos observadores para mergulhar numa história que ainda possui inúmeras lacunas e que, de diversas formas, é bastante vívida em nossos tempos.
Mais do que um exercício de síntese biográfica, esta linha do tempo é também um gesto de memória e de justiça. Frei Tito foi uma das milhares de pessoas perseguidas pela ditadura civil-militar brasileira, período em que, segundo a Comissão Nacional da Verdade, cerca de 50 mil pessoas tiveram seus direitos violados ou sofreram perseguição política, incluindo prisões, exílios e torturas. Outras 400 pessoas foram mortas ou desapareceram em razão da violência de Estado. Reconstituir a história de Frei Tito é, portanto, reavivar a lembrança dos que resistiram, reafirmar a importância de preservar a memória daqueles que resistiram.
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14 de setembro de 1945
Nasce em Fortaleza Tito de Alencar Lima.
Tito aos 8 meses de idade. Acervo do Museu do Ceará (SECULT/CE).
1958
Estudante secundarista no Liceu do Ceará, filia-se a Juventude Estudantil Católica (JEC)
Jornal O Povo, de 21 de fevereiro de 1958. Hemeroteca da BECE.
1963
Assumiu a direção da JEC-Nordeste e mudou-se para Recife, onde findou o secundário.
Certificado de conclusão de curso colegial no Colégio Estadual de Pernambuco. Acervo do Museu do Ceará/SECULT CE.
01 de abril de 1964
Ocorre o Golpe Civil-Militar e derrubada do Presidente João Goulart.
Brasília sitiada. A imagem dos tanques na Esplanada dos Ministérios, em abril de 1964, simboliza a tomada da capital pelo Exército e o início da Ditadura Militar. Acervo Agência Senado.
1966
Ingresso de Tito na Ordem dos Dominicanos, em Belo Horizonte.
Turma de seminaristas do convento da Serra, em Belo Horizonte. Tito é o número 05. Fonte: LENIDE-PLON; L.; MEIRELES, C., 2014, p .216.
Janeiro de 1967
Assinada a Constituição de 1967: além de várias modificações, fortalece o Poder Executivo e incorpora o Ministério Público à sua estrutura.
Jornal Correio da Manhã, de 24 de janeiro de 1967. Fonte: BNDigital.
1967
Tito ingressa no Convento dos Dominicanos em Perdizes (SP).
Jovens frades no convento de Perdizes, em São Paulo. Fonte: LENIDE-PLON; L.; MEIRELES, C., 2014, p .218.
26 de junho de 1968
Passeata dos Cem Mil: grande ato no Rio de Janeiro contra a ditadura civil-militar
Passeata dos Cem Mil. Fonte: Instituto Moreira Salles.
12 de outubro de 1968
30º Congresso da UNE, em Ibiúna (SP). Frei Tito foi um dos 719 estudantes detidos.
Soldados da Força Pública organizam em filas os estudantes presos em Ibiúna (SP), durante o 30º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes). Fonte: Folha de São Paulo, 13 de outubro de 2018.
13 de dezembro de 1968
O Ato Institucional n° 05 amplia o poder dos militares, fecha o Congresso e restringe ainda mais atuação do Judiciário e do Ministério Público.
Jornal da Manhã, 14 de setembro de 1968. Fonte: BNDigital.
1969
Tito inicia o curso de Ciências Sociais na USP.
Diploma póstumo de graduado em Ciências Sociais pela USP. Acervo da família Alencar Lima.
05 de setembro de 1969
O Ato institucional nº 13 autoriza o banimento de opositores considerados perigosos ao regime. Acervo Arquivo Nacional
Ato Institucional nº13 de 5 de setembro de 1969 Fonte: Arquivo Nacional.
04 de novembro de 1969
Invasão do convento dos Dominicanos em São Paulo (Operação Batina Branca). Os freis Tito, Giorgio e Ivo foram presos.
O Globo, 07 de novembro de 1969. Fonte: LENIDE-PLON; L.; MEIRELES, C., 2014, p .227.
Fevereiro de 1970
Vítima de tortura, Tito tentou suicídio em sua cela.
Exame clínico realizado em Frei Tito de Alencar, em 27 de fevereiro de 1970, que constatou as marcas das torturas sofridas durante sua prisão. O laudo foi assinado pelos médicos Antônio Carlos Madeira, David Unovich, Aytan Miranda Sipahi e Benedito Arthur Sampaio. Acervo do Arquivo Nacional.
Fevereiro de 1970
Escreveu a carta-denúncia relatando as torturas sofridas. O documento foi enviado a várias instituições ligadas aos Direitos Humanos e foi publicada em outros países, tornando-se a primeira denúncia pública da violência perpetrada pelo governo brasileiro.
Cópia da Revista Look, de 14 de julho de 1970. Acervo da Família Alencar Lima.
17 a 25 de maio de 1970
A 11ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) condena atos de tortura.
11º Assembleia Geral da CNBB. Fonte: Memorial da Democracia.
13 de janeiro de 1971
Banido, Tito seguiu exilado para o Chile com outros 69 presos políticos.
Carteira de estudante expedida durante a breve passagem de Frei Tito de Alencar por Santiago, Chile. Acervo do Museu do Ceará/SECULT CE.
Fevereiro de 1971
Chega a Paris, depois de uma breve passagem por Roma, e passa a viver no Convento Saint Jacques. Retoma seus estudos na Universidade de Sorbonne.
Freis Tito, Magno Vilela e Giorgio Callegari em Paris, inverno de 1971. Fonte: Acervo da família Alencar Lima.
02 de agosto de 1972
A Anistia Internacional divulga relatório com 472 nomes de torturadores e 1.081 torturados no Brasil.
Relatório com nomes dos torturados e dos torturadores. Fonte: Anistia Internacional.
23 de fevereiro de 1973
Enquadrado na Lei de Segurança Nacional, Tito foi condenado na 2ª Auditoria Militar de São Paulo a um ano e meio de reclusão.
Fotografia de Frei Tito. Fonte: Arquivo Nacional.
Junho de 1973
Mudou-se para o convento dominicano de Saint Marie de la Tourette, em Eveux, na França.
Convento de Saint Marie de la Tourette. Fonte: Acervo da família Alencar Lima.
10 de agosto de 1974
Falece aos 29 anos, no exílio na França, em decorrência dos traumas psicológicos causados pelas torturas sofridas.
Fotografia do túmulo de Frei Tito de Alencar na França. Autor: Antônio Euclides Vega de Pitombeira e Nogueira Holanda.
1976
Criação do Movimento Feminino Pela Anistia no Ceará
Jornal Mutirão de março de 1979. Número sobre a instalação do Comitê Brasileiro pela Anistia – Ceará.
26 de março de 1983
Corpo de Frei Tito retorna ao Brasil. Após missa em São Paulo, é levado à Fortaleza e sepultado no Cemitério São João Batista.
Convite para celebração litúrgicas do retorno dos restos mortais do Frei Tito. Acervo da família Alencar Lima.
05 de outubro 1988
Promulgação da Constituição Federal, conhecida como a Constituição Cidadã.
Registro da promulgação da Constituição Federal de 1988. Fonte: Memorial da Democracia.
Maio de 1995
Criada a Associação Brasileira de Anistiados Políticos – ABAP
Logomarca da ABAP. Fonte: anistiapolitica.org.br
Junho de 2000
Inauguração do Escritório de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica Popular Frei Tito de Alencar (EFTA).
Placa do Escritório de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica Popular Frei Tito de Alencar. Fonte: EFTA.
28 de fevereiro de 2002
Inauguração do Memorial Frei Tito de Alencar, no Museu do Ceará, o primeiro espaço museal dedicado à memória da ditadura civil-militar e as suas vítimas.
Acesso ao Memorial Frei Tito de Alencar, no Museu do Ceará. Acervo do Museu do Ceará (SECULT/CE).
10 de agosto de 2004
Frei Tito é reconhecido como vítima da Ditadura Civil-Militar
Folha de São Paulo, 11 de agosto de 2004. Fonte: Acervo Folha de São Paulo.
18 de novembro de 2011
A Lei 12.528 cria a Comissão Nacional da Verdade (CNV).
Logomarca da Comissão Nacional da Verdade.
16 de julho 2013
Criada a Comissão da Verdade da UFC e da UECE
Portaria de Criação da Comissão da Verdade das Universidades Cearenses (UFC e UECE). Fonte: BARREIRA, C. et al, 2024.
04 de fevereiro de 2016
O MPF – PR/SP apresentou denúncia de lesão corporal grave contra Frei Tito de Alencar, responsabilizando os torturadores Maurício Lopes Lima e Homero Cesar Machado.
Livro Crimes da Ditadura Militar. Fonte: MPF, 2017.
24 de setembro de 2021
Foi aprovada em São Paulo lei que modifica o nome da Rua Sergio Fleury para Rua Frei Tito de Alencar Lima.
Fotografia da placa da rua Frei Tito de Alencar Lima. Fonte: Diário do Nordeste, 05 de agosto de 2022.
26 de agosto de 2024
Em cerimônia póstuma, Tito recebeu diploma de graduação em Ciências Sociais da USP.
Divulgação da cerimônia de diplomação póstuma dos estudantes mortos pela ditadura. Fonte: Jornal da USP
30 de janeiro de 2025
Casa em que Frei Tido nasceu é tombada como patrimônio cultural de Fortaleza.
Casa em que Frei Tito nasceu. Acervo da família Alencar Lima.
15 de setembro de 2025
Abertura da exposição “80 anos de Frei Tito de Alencar: Memória e Justiça” no Espaço Cultural do MP do Ceará
Lançamento da exposição 80 anos de Frei Tito: Memória e justiça.
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