O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), através, respectivamente, do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) e da Coordenadoria de Inteligência, deflagraram conjuntamente na manhã desta quinta-feira (14/12) a Operação Saratoga, que investiga a atuação de uma das maiores facções criminosas do Brasil, de origem paulista e em atuação no Ceará há alguns anos.
A investigação do GAECO e da Inteligência da SSPDS teve início em maio de 2015, através do monitoramento e acompanhamento de várias lideranças da facção, tanto dentro quanto fora do sistema prisional. Do início da apuração até agora, foram realizadas inúmeras intervenções pontuais pelas forças de segurança do Ceará, redundando na prisão em flagrante de 53 investigados, na apreensão de 19 armas de fogo de diversos calibres, além de grande quantidade de entorpecentes, sendo aproximadamente 60 kg de cocaína, 200 kg de maconha e 8 kg de crack.
Para além da lavratura das prisões em flagrante ao longo da investigação, os promotores do GAECO compilaram todo o material colhido e apresentaram denúncias criminais contra todos os integrantes da facção investigados, pelos crimes de integrar organização criminosa armada, tráfico de drogas, associação para o tráfico, dentre outros. As denúncias foram recebidas e os juízos de Fortaleza, Caucaia e Maracanaú decretaram ao todo a prisão preventiva de mais 46 integrantes da facção, além de busca e apreensão nas residências, cujo cumprimento se dá na manhã de hoje por equipes da SSPDS, coordenadas pela Coordenadoria de Operações Policiais (COPOL). Todo o material apreendido segue para análise na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas organizadas da Polícia Civil (DRACO).
Como a investigação foi longa e detalhada, a previsão do Ministério Público é que as penas dos principais líderes da organização criminosa possa variar, em caso de condenação, de 45 até 503 anos de prisão, conforme a participação e a hierarquia de cada investigado na organização, bem como a quantidade de crimes graves praticados, sendo, portanto, a investigação mais proveitosa e abrangente contra uma organização criminosa realizada pelo Estado do Ceará até o momento.
Foi verificada a participação de policiais civis e militares nos crimes, razão pela qual equipes da Controladoria Geral de Disciplina (CGD) também estão nas ruas da Capital desde cedo para cumprir mandados de prisão e busca e apreensão. Uma advogada também foi denunciada e teve a prisão decretada.
Os investigadores do GAECO salientaram que, para além das prisões em flagrante realizadas no decorrer da investigação e as prisões e buscas cumpridas hoje, a Operação Saratoga foi responsável por impedir grandes motins no sistema penitenciário, uma vez que a Inteligência da SSPDS procurou sempre se antecipar aos fatos junto à Secretaria da Justiça e Cidadania (SEJUS), a fim de manter o controle e evitar crimes e mortes dentro dos presídios cearenses.
O nome Saratoga é uma alusão a conhecido porta-aviões norte-americanos que, em filme ficcional, serviu de base para o combate a criaturas subterrâneas, que na vida real se assemelham a indivíduos que atuam na clandestinidade, praticando crimes à margem da lei e da ordem.