O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) participou na última segunda-feira, 17, de audiência pública na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) com o projeto Vidas Preservadas. O evento teve como tema o “Setembro Amarelo”, debatendo a importância de colocar em prática ações integradas e multidisciplinares para prevenir o suicídio no Estado. Além do MPCE, participaram também a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa, representantes de órgãos públicos ligados às secretarias de Segurança Pública e Defesa Social e de Educação, universidades e movimentos da sociedade civil. A iniciativa foi do deputado Renato Roseno (Psol).
O promotor de Justiça Hugo Mendonça ressaltou a iniciativa do MPCE com o projeto “Vidas Preservadas”, que há seis meses trabalha a prevenção do suicídio com instituições parceiras e pediu que os municípios do Interior também façam parte dessa iniciativa. A questão foi ressaltada por Roseno como urgente, já que o Ceará é o segundo estado brasileiro com maior número de suicídios de pessoas abaixo de 30 anos.
Os debates geraram uma série de propostas que serão enviadas ao MPCE, para que componham um manifesto, que será encaminhado ao governador eleito neste ano. Entre as propostas estão a capacitação de profissionais das áreas de Segurança Pública, Educação e Saúde para que eles possam ser multiplicadores na prevenção, além de identificar, orientar e evitar casos de suicídio; cuidados preventivos com detentos e pessoas em situação de rua; oferta de medicamentos antidepressivos na rede pública; criação de unidades psiquiátricas em hospitais gerais; mais ambulâncias de atendimento psiquiátrico; implementação de protocolo de atendimento que contemple acompanhamento posterior à internação de pessoas que tentaram suicídio; serviços especializados para as categorias que mais sofrem com o problema; levantamento da situação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps); entre outras.
A professora do curso de Psicologia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Alessandra Silva Xavier, explicou que é preciso também investir no fortalecimento de vínculos, e que a liberação de armas de fogo poderá contribuir para aumentar o número de casos de suicídio. Ela ressaltou ainda que os adolescentes estão mais vulneráveis e que, sem o apoio da escola e da família, eles ficam em risco ainda maior, especialmente os jovens da periferia.
O atendimento psicoterapêutico para os profissionais da Segurança foi defendido pelo major do Corpo de Bombeiros, Edir Paixão. Ele também destacou a necessidade de os profissionais serem treinados para lidar com situações iminentes de suicídio, com técnicas mais eficientes.
A coordenadora do Centro de Valorização da Vida (CVV), Rejane Felipe, explicou que as pessoas que passam a ter ideias de suicídio estão vivendo uma dor desesperadora e que falar sobre isso pode ajudar a evitar que o pior aconteça. “O CVV tem voluntários que vão ouvir sem julgar, sem críticas. Quem liga não precisa de identificar”, explicou.
Também participaram da audiência pública o psiquiatra e fundador do Programa de Apoio à Vida (Pravida), Fábio Mendonça; representantes da Secretaria de Segurança do Estado, Rebeca Rangel; da Secretaria de Educação do Estado, Betânia Gomes; do Movimento de Saúde Mental Comunitária, Elizeu Sousa; e a presidente da Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará, Vânia Dutra.
Com informações da Assembleia Legislativa do Ceará
Fotos: Marcos Moura