MPCE deverá estudar impacto de programas policialescos de meios de comunicação na sociedade


02.05.17.Relatorio.cada.vida.importaO Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), através dos Centros de Apoio Operacional da Cidadania (CAOCidadania), Criminal, Controle Externo da Atividade Policial e Segurança Pública (CAOCRIM), da Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa (CAODPP) e da Infância e Juventude (CAOPIJ), participou da apresentação do relatório “Cada Vida Importa”, do Comitê para Prevenção dos Homicídios na Adolescência (CPHA) da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. O evento ocorreu na manhã desta terça-feira (02/05), no Plenário 13 de Maio.

Instituído na Assembleia Legislativa para conhecer e investigar as razões pelo alarmante número de assassinatos de jovens no Estado, avaliando o problema com profundidade, o CPHA realizou, em 2016, pesquisa de campo com a participação de 24 pesquisadores. Segundo o relator do CPHA, deputado estadual Renato Roseno, o relatório, que conta com exame minucioso da realidade no Estado, constatou 12 evidências que levam ao homicídio de adolescentes. Para cada uma foi apresentada uma recomendação com o objetivo de reduzir o elevado número de mortes de adolescentes no Ceará, envolvendo a participação da comunidade, escolas, famílias, instituições da sociedade civil e poder público. Entre as constatações estão a vulnerabilidade do adolescente e de quem cuida dele; a falta de atendimento à rede de amigos e familiares dos adolescentes assassinados; o abandono escolar; a experimentação precoce de drogas, entre outras.

O coordenador do CAOCidadania, promotor de Justiça Hugo Porto, que participou do evento no Assembleia Legislativa, afirma que, em decorrência do que foi apresentado, o MPCE deverá atuar para mitigar a evidência que diz respeito à cultura da violência nos programas policialescos, que naturalizam a questão ao levá-la todos os dias à casa das pessoas através dos mais diferentes meios de comunicação, como rádio, internet, TV. “Queremos entender o impacto que esta naturalização da violência e estigmatização dos jovens, que muitas vezes são feitas em programas desta natureza, têm na sociedade, de que forma eles podem contribuir para o aumento de homicídios de adolescentes ao banalizar a questão, tratando-a como normal”, explica o membro do MPCE.

Ele informa que, para tanto, já foi solicitada à Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), a criação de uma comissão que contará com representantes do CAOCidadania, do CAOPIJ, do CAOCRIM e do CAODPP, que deverá realizar um estudo sobre a repercussão do discurso adotado em programas policialescos na sensação de violência e como catalisadores da violência. O objetivo é ouvir representantes de diversos setores, como Universidades e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), por exemplo, para que, a partir daí, seja formatada uma orientação mais concreta de como os membros do MPCE devem atuar na questão.

A apresentação do relatório contou ainda com a participação dos coordenadores do CAOPIJ, do CAOCRIM e do CAODPP, promotores de Justiça Hugo Mendonça, Flávia Unneberg e Breno Rangel, respectivamente; da vice-governadora do Estado e coordenadora do programa Ceará Pacífico, Izolda Cela; da coordenadora da Infância e da Juventude (CIJ) do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), desembargadora Vilauba Lopes; do coordenador do Fórum em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, David Araújo; da vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Ceará (CEDCA), Mônica Gondim; do coordenador do Unicef no Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, Rui Aguiar; da representante do Movimento Engajamento Político, Amanda Clécia Nascimento; do prefeito do Cedro e vice-presidente da Associação dos Municípios do Ceará (Aprece), Nilson Diniz, entre outros prefeitos e autoridades e representantes da sociedade civil.

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