A automutilação foi tema de diálogo em evento do Projeto Vidas Preservadas, realizado na manhã desta quarta-feira (13/11), no auditório da Procuradoria Geral de Justiça. Entre os dados apresentados, destaca-se a prevalência de automutilação entre mulheres, envolvidas em 95% dos casos. O coordenador do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude (Caopije) e um dos coordenadores do Vidas Preservadas, promotor de Justiça Hugo Mendonça, ressaltou a necessidade de esse assunto ser debatido: “É um tema que, em razão da epidemia que nós vivemos, se impôs. Não podemos, enquanto movimento de prevenção ao suicídio, deixar de dialogar sobre automutilação”, ressalta.

Esta edição do Vidas Preservadas contou com a palestra “A violência autoinfligida, causas estruturais e práticas institucionais: uma discussão sobre a automutilação no mundo contemporâneo”, proferida pelo professor titular do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza (Unifor), psicanalista, analista-membro da Invenção Freudiana – Transmissão da Psicanálise, Leonardo Danziato, e pela mestre em Psicologia pela Unifor e psicóloga clínica, Thais Lia Leite.
Durante o evento, os palestrantes apresentaram o conceito de violência autoinflingida, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), e as características da automutilação, explicando que ela não se caracteriza como sofrimento de psicopatologia, mas como sofrimento psíquico causado por um contexto social. Além da maior incidência entre mulheres, com média de faixa etária entre 13 e 24 anos, eles destacaram que os casos de automutilação ocorrem em todas as classes sociais. O evento teve, ainda, momento para interação com o público participante, a fim de ampliar o diálogo e discutir as causas da automutilação, os motivos para o aumento dos casos e as estratégias de prevenção e de atuação perante os casos.

Vidas Preservadas

A iniciativa foi criada em 2018 por meio dos Centros de Apoio Operacional da Infância e Juventude (Caopije), do Meio Ambiente (Caomace), da Cidadania (CAOCidadania) e Criminal (Caocrim), com o apoio da Escola Superior do Ministério Público (ESMP). O Projeto foca em sensibilizar e fortalecer políticas públicas para a promoção da saúde do povo cearense por intermédio da ação conjunta entre a sociedade e o MP. O objetivo do evento é oferecer um momento de sensibilização, mobilização e fortalecimento das políticas públicas para a promoção da saúde através da prevenção e da posvenção do suicídio.