Um encontro esperado e desejado por cerca de 25 anos foi promovido, no dia 5 de agosto, pelo Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID), do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE). Com apoio do MP do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), o Programa localizou Antônia do Nascimento Araújo no Ceará e viabilizou seu reencontro, de forma virtual, com familiares que moram no estado de Roraima. Apesar da distância física e de uma lacuna a ser preenchida com atualização de notícias e afetos, a emoção marcou o reencontro.
A busca começou oficialmente no Rio de Janeiro, quando a irmã de Antônia, Maria Zélia Araújo, registrou o desaparecimento junto ao PLID do MPRJ. Em Fortaleza, após contato entre os órgãos ministeriais, o MPCE ampliou a busca através do Sistema Nacional de Identificação e Localização de Desaparecidos (Sinalid), colheu dados junto à Pefoce, realizou diligências na capital e, ante minucioso trabalho de pesquisa, chegou ao paradeiro de Antônia Araújo.
Ela deixou a cidade natal no dia do primeiro casamento da irmã, Maria Zélia Araújo, e perdeu o contato com a família. Depois disso, morou no Pará, no Ceará, na Itália, no Uruguai e, novamente em Fortaleza, foi localizada e identificada pelo MPCE. Antônia e Zélia, apesar das poucas informações uma da outra e das lembranças já turvas, nunca perderam a esperança. Assim, com o sentimento de reavivar memórias e recuperar os anos sem notícias ou contato, o momento promovido pelo PLID foi marcado pela comoção, com sorrisos e lágrimas se misturando entre inúmeras perguntas.
“Já tinha tentado encontrar minha irmã de todo jeito, pelas redes sociais. Mas só conseguimos porque minha enteada descobriu o programa do Ministério Público. O pouco que a gente tinha e mandou de informação foi suficiente para começar a busca e hoje estamos aqui. A gente não se via há mais de 25 anos. Nem acredito que isso está acontecendo”, confessou Maria Zélia, mostrando as duas filhas e já identificando semelhanças entre as sobrinhas e a tia.
Diante do pai, Edmilson Francisco Araújo, da irmã e de outras familiares, Antônia emocionou-se ao saber do falecimento da mãe, Maria Cezarina do Nascimento, em janeiro de 2017, e do desejo que nunca esquecera: reencontrar a filha desaparecida. “Moro há 18 anos em Fortaleza. Já aconteceu tanta coisa na minha vida. Doenças, viagens, um acidente de carro muito grave, fiquei em coma três meses, tive uma filha, sempre guardando aquele sentimento de não estar completa. Mas em Fortaleza tive uma família que me adotou e que eu adotei, inclusive uma mãe e irmãs. Agora a família está ainda maior. É o melhor dia da minha vida, sem dúvida”, ressaltou Antônia.
De acordo com o coordenador do PLID e do Centro de Apoio Operacional da Cidadania (Caocidadania) do MPCE, o promotor de Justiça Hugo Porto, a ação do Programa evidencia o compromisso de servir e de acreditar no poder público. “A nossa alegria não pode ser comparada à alegria da família, mas deixa a certeza de que devemos avançar nesse programa para que mais pessoas se encontrem e façam a recomposição, ainda que à distância, por enquanto, devido à pandemia”, pontuou. No entendimento do promotor, o trabalho dos servidores envolvidos no processo reflete que “a visão e a missão do MP passam pela promoção da Justiça e de políticas públicas colocadas sempre à disposição da sociedade”.
Para o servidor Lindemberg Bezerra de Menezes, que estabeleceu o contato entre as duas irmãs e organizou o reencontro virtual, esse certamente foi um momento que ficará marcado no Programa. “Enquanto PLID, articulamos os órgãos no Ceará e em outros estados para aproximar os diálogos na localização de pessoas. Nesse caso específico, empreendemos esforços e conseguimos reconectar a família. Agora elas vão decidir o quão presente uma vai estar na vida da outra”, analisou o servidor.
PLID
O Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos do MPCE realiza o cadastro dos desaparecimentos em um banco de dados nacional, o Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid), que sistematiza e cruza informações provenientes de diversos órgãos, ajudando na busca de pessoas em situação de desaparecimento, e/ou identificação de pessoas com indicativo de desaparecimento. O trabalho do PLID não substitui a apuração da Polícia Civil do Estado do Ceará, mas é possível encaminhar casos para serem acompanhados de forma complementar. Para tanto, é disponibilizado um Formulário de cadastro.
Saiba mais sobre o PLID e acesse o Formulário em: http://www.mpce.mp.br/plid/
E-mail: plidce@mpce.mp.br
WhatsApp: (85) 98685-8049