Sensibilizar os agentes públicos e a sociedade sobre o combate à invisibilidade e ao silenciamento das pessoas idosas. Esse foi o intuito da 5ª Jornada do Idoso e da Pessoa com Deficiência, realizada pelo Ministério Público do Estado do Ceará, nesta segunda-feira (30/06), no auditório central da Universidade Estadual do Ceará (UECE), em Fortaleza. Com o tema “Pensar o Envelhecimento na Contemporaneidade”, o evento reuniu membros do MP do Ceará, agentes públicos, comunidade acadêmica, interessados na temática e estudantes do curso “Cuidadores de idosos” do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
“O envelhecimento é uma conquista e um processo complexo que deveria ser pensado por todo gestor público. Pela primeira vez na história da humanidade, nós temos a possibilidade de ter uma expectativa de vida maior e, logo, nós teremos mais pessoas adultas envelhecendo. Por outro lado, essa conquista traz uma série de desafios, e um dos principais é a questão do cuidado, por isso fico muito feliz de pensarmos aqui o envelhecimento na contemporaneidade”, declarou o promotor de Justiça Alexandre Alcântara, atuante na defesa da pessoa idosa.
Já a secretária-executiva das Promotorias de Justiça Cíveis de Fortaleza, promotora de Justiça Giovana Melo, destacou a importância dessas discussões e da escuta das pessoas idosas para fortalecer o papel do Ministério Público. Como exemplo, ela citou a exposição “Memórias de Permanência”, promovida pelo MP do Ceará, que mostra o cotidiano de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI). “O objetivo principal não era apenas mostrar as fotografias, mas principalmente escutar os idosos nos seminários que a gente promovia. E essa escuta oportunizava a gente a aperfeiçoar a atuação nas diversas áreas”, afirmou.
Os promotores Alexandre Alcântara e Giovana Melo mediaram as duas palestras e participaram da mesa de abertura, que também teve a presença de Nelson Arruda e Vejuse Oliveira, respectivamente, representantes da Reitoria da Uece e da Prefeitura de Fortaleza. “A universidade é um espaço de ensino, de pesquisa e de extensão. E nós gostaríamos de estreitar essa parceria. Nós temos muitos grupos de pesquisas na área do idoso”, salientou o professor Nelson, que é coordenador adjunto do Pronatec na Uece. “Sempre estaremos de mãos dadas para que a gente possa verdadeiramente atender as necessidades da população de Fortaleza, especialmente da pessoa idosa”, reforçou Vejuse, responsável pela Coordenadoria Especial da Pessoa Idosa.
Debates
A primeira palestra sobre “Ecos do silêncio: a invisibilidade e a exclusão de idosos na sociedade contemporânea” foi proferida pela mestra e doutora em Ciências da Educação pela Universidade Nova de Lisboa, Joana Angélica da Costa. Ela abordou questões sociais e culturais acerca da velhice, demonstrando o valor da atenção integrada e da escuta ativa. “Se não olharmos para esses indivíduos como potência, como é que a gente vai cuidar deles? Como é que a gente vai se debruçar sobre essa história que essa pessoa tem? Se a gente não olhar para eles como existindo muito antes de nós e não nos sensibilizarmos, se não entendermos isso, nós não vamos ser bons cuidadores, não vamos fazer boas interlocuções, não vamos ter essa compreensão de que estamos todos juntos”, explanou.
Em seguida, o tema “Olhares freirianos sobre o processo do inacabamento humano e a possibilidade de Ser Mais por meio das representações das velhices no cinema” foi debatido pela professora no Mestrado Profissional de Avaliação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Ceará (MAPP/UFC) e na Especialização em Gerontologia da Universidade de Fortaleza (Unifor), Adriana de Oliveira Alcântara. Ela enfatizou a necessidade de conciliar o conhecimento científico com a arte, bem como de refletir sobre formas de combater a concepção do envelhecimento como fracasso, ressignificando a velhice para vivermos melhor, independente de idade. “Estamos falando de nós porque a velhice nos pertence. Todos os nossos problemas, estão interligados. A gente não pode pensar a questão do envelhecimento por si só, a partir do plano individual, mas dentro de uma conjuntura, de uma sociabilidade”, frisou.
A iniciativa é da Secretaria Executiva das Promotorias de Justiça de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiência e do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), com apoio da Escola Superior do Ministério Público (ESMP).