Duas décadas. Esse foi o tempo que o senhor Evanildo Albino dos Santos, de 66 anos, precisou esperar para dar um abraço em seus familiares. Graças ao Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLIDCE), do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), o reencontro ocorreu no último dia 18 de junho, na Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) Toca de Assis, em Fortaleza.
Evanildo Albino se encontra acolhido no Toca de Assis há quase 12 anos e vem recebendo cuidados paliativos na unidade em função de um câncer. O desejo de rever a família após mais de 20 anos foi crescendo na velocidade que a doença avançava. Depois de muita conversa com a equipe técnica da unidade, o idoso autorizou que a instituição iniciasse a procura por seus parentes.
A busca pela família
Assistente social da unidade, Ana Maria da Silva Lima ficou encarregada dessa missão. “O Serviço Social [do Toca de Assis] entrou em contato com o PLIDCE e enviamos as informações do histórico de vida do seu Evanildo ao programa para buscar essa família”, explica, pontuando que seu Evanildo sempre foi gentil e comunicativo, mas que o câncer, aos poucos, começou a afetar sua saúde física e mental. “Queríamos trazer uma melhoria para sua qualidade de vida com esse reencontro”, acrescenta.
De posse das informações sobre a vida de seu Evanildo, a equipe do PLIDCE se deslocou até o endereço onde possivelmente o irmão do idoso morava, no bairro Sapiranga, na Capital cearense. Após abordar algumas pessoas da comunidade, que diziam não conhecer Evanildo, a equipe do PLIDCE localizou Francisca Lopes, cunhada do idoso. O momento foi emocionante, segundo a assistente social do PLIDCE, Rejane Sales Rodrigues. “Ela [Francisca Lopes] e alguns parentes que estavam lá na hora começaram a chorar e, em seguida, se colocaram de joelhos, agradecendo a Deus pela resposta às suas orações”, ressalta.
Depois de mais de 20 anos, a família de Evanildo sabia que ele estava vivo. Quando soube da notícia, Silvia Helena de Albuquerque Santos, filha do idoso, também foi tomada pela emoção. “Quando recebi a notícia, tomei um susto”, revela, lembrando que a família nunca deixou de procurá-lo. “Fiquei muito feliz e naquela expectativa de encontrá-lo. Tinha 17, 18 anos quando vi meu pai pela última vez”, confessa.
O reencontro
O abraço entre Evanildo e os dois filhos (além de Silvia Helena, ele é pai de Edinildo de Albuquerque Santos) não tardou a acontecer. Em 18 de junho, quatro dias depois que sua família foi localizada, o idoso reencontrou os familiares, que foram visitá-lo na ILPI Toca de Assis. O momento, como tantos outros dessa história, foi regado à emoção. “Quando vi o meu pai, foi muito emocionante. Queria muito reencontrá-lo. Queria ter mais estrutura para trazê-lo para perto de mim”, conta a filha, que agora visita o pai semanalmente e, sempre que pode, leva junto alguns dos oito netos para Evanildo conhecer.
Evanildo Albino dos Santos, que por conta da doença fala com dificuldade, é só gratidão pelo reencontro. “É visível no rosto do seu Evanildo a alegria”, compartilha Ana Maria da Silva Lima, assistente social da ILPI Toca de Assis. Para ela, o sentimento também é de gratidão. “Ver o resultado final de um trabalho em conjunto, como profissional, é gratificante. Ver que podemos encontrar portas abertas na rede de apoio ajuda muito o nosso trabalho, já que trabalhamos com uma população cujo histórico de vida é de muito sofrimento e exclusão”, relata.
A importância do PLIDCE
O Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos do MPCE realiza o cadastro dos desaparecimentos no Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid), banco de dados nacional que sistematiza e cruza informações provenientes de diversos órgãos, ajudando na busca de pessoas em situação de desaparecimento e/ou na identificação de pessoas com indicativo de desaparecimento.
A assistente social do programa, Rejane Sales Rodrigues, destaca a importância do trabalho para renovar a esperança e fé das famílias em encontrarem parentes desaparecidos. “Eu acho que o principal motivo de estarmos divulgando esses reencontros é justamente esse e também para mostrar que existe um grupo de pessoas que se preocupa e que busca por esses desaparecidos”, finaliza.
O trabalho do PLID não substitui a apuração da Polícia Civil do Estado do Ceará, mas é possível encaminhar casos para serem acompanhados de forma complementar. Para tanto, é disponibilizado um Formulário de cadastro.
Saiba mais sobre o PLID e acesse o Formulário em: http://www.mpce.mp.br/plid/
E-mail: plidce@mpce.mp.br
WhatsApp: (85) 98685-8049