O Ministério Público do Ceará promoveu, nesta sexta-feira (12/09), no auditório da Procuradoria Geral de Justiça, evento em homenagem ao Dia Estadual do Mediador Comunitário, comemorado em 13 de setembro. A iniciativa reconheceu o trabalho voluntário de 180 mediadores do Programa dos Núcleos de Mediação Comunitária (Pronumec) que atuam na pacificação de conflitos em comunidades cearenses, contribuindo diretamente para o fortalecimento da justiça social e a prevenção da violência. Nos últimos cinco anos, mais de 60 mil atendimentos foram realizados nos 12 núcleos fixos e no itinerante do programa.
A programação contou com palestra do ator, humorista, historiador e mestre em Direito Constitucional, Haroldo Guimarães. Além de mediadores, o encontro reuniu membros e servidores do MP do Ceará, assim como representantes do poder público, da sociedade civil e de instituições parcerias do Pronumec. Na ocasião, o papel dos mediadores foi enaltecido pela contribuição direta e indireta para o bem-estar da comunidade, para evitar a judicialização de situações que podem ser resolvidas com o diálogo, pela escuta qualificada e pela construção da cultura de paz.
Somente no primeiro semestre de 2025, os núcleos realizaram 7.803 atendimentos. No mesmo período, o MP formou mais de 300 mediadores de conflitos. “O Pronumec tem sido, ao longo de seus 18 anos dentro do Ministério Público e 27 anos de história no Ceará, uma iniciativa pioneira e transformadora. A primeira casa de mediação, criada no Pirambu em 1999, permanece viva como um dos núcleos do programa. O legado continua a crescer, com vidas transformadas, famílias fortalecidas e comunidades que encontram na mediação um caminho de esperança.”, pontuou o promotor de Justiça Saulo Moreira Neto, coordenador do Pronumec.
Para o suprocurador-geral de Justiça Institucional, Maurício Carneiro, o MP tem um papel desbravador nesse caminho. “O Ministério Público é um elo de união entre as partes, pois é verdadeiramente capaz de levá-las à composição sem a necessidade da presença do aparato judicial. A experiência é também um meio para possibilitar a valorização do espaço comunitário, com estímulo à participação do cidadão como protagonista na resolução dos conflitos”, destacou.
Representando os mediadores no evento, Lia Maia Alenquer, que atua no Núcleo de Mediação do Bom Jardim, em Fortaleza, enfatizou que, nas comunidades, a mediação é sinônimo de esperança. “O que fazemos no dia a dia é promover a cultura de paz, plantar a semente da justiça e da solidariedade para pessoas que não conseguem encontrar uma solução sozinhas. É uma missão que vai além do compromisso jurídico, pois evitamos que muitos desses conflitos se transformem em situações de violência”, pontuou. Dirigindo-se aos mediadores, Lia Maia destacou: “vocês são pontes e voz na comunidade, cada mediação concluída representa oportunidade de restauração, de resgatar a confiança e promover a paz”.
A secretária de Direitos Humanos do Estado, Socorro França, lembrou diversos membros do MP que contribuíram e contribuem para o fortalecimento da mediação comunitária e destacou que a iniciativa é um instrumento de paz, especialmente nesse momento em que a violência afeta sobremaneira o estado. “É preciso avançar, mas continuar olhando o ser humano com respeito, dignidade, com uma boa escuta. Isso muda tudo. Nasce do próprio povo o desejo de fazer esse entendimento, que é chamado de composição de conflito. É esse entendimento que a gente busca. Não podemos recuar”, frisou.
Palestra
O ator e humorista Haroldo Guimarães envolveu o público presente com a palestra “Sabedorias que transformam”, enfatizando aspectos como liderança, empatia, inteligência emocional e relações interpessoais. Para isso, destacou situações pessoais, sabedoria oriental e motivação no cotidiano dos mediadores comunitários.
“O mediador é um líder e precisa ser visto como um líder. Mas essa liderança precisa ter empatia, sensibilidade e clarividência para mediar o conflito entendendo que é preciso ser flexível e agir conforme a situação. Isso serve para qualquer pessoa. Em contraponto, ele também precisa ter humildade para entender o desejo das partes. Para isso, é fundamental desenvolver inteligência emocional e capacidade de identificar os próprios sentimentos e dos outros”, explicou.
Presenças
A mesa de abertura do evento contou também com a corregedora-geral do MP, procuradora de Justiça Maria Neves Feitosa; a vice-ouvidora-geral do MP, procuradora de Justiça Isabel Pôrto; o secretário-executivo de Segurança Cidadã, Major Messias; o coordenador de Planejamento Operacional da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado, Harley Alencar; a diretora-geral da Escola Superior do Ministério Público em exercício e coordenadora do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), promotora de Justiça Luciana Frota; a 1ª vice-presidente da Associação Cearense do Ministério Público, promotora de Justiça Maurícia Marcela Furlani; a presidente da Comissão de Mediação e Conciliação da Ordem dos Advogados do Brasil Secção Ceará, Adhara Silveira Camilo; e a gerente administrativa do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), Maria José Luz. Os promotores de Justiça José Borges e Ana Cláudia Uchoa também estiveram presentes. O evento também sorteou brindes entre os mediadores presentes e contou com o coral Vozes do MPCE.