Nota de preocupação


O programa Vidas Preservadas, um movimento envolvendo a sociedade civil, integrantes dos Poderes Públicos e voluntários, originado no Ceará e destinado à prevenção e pósvenção do suicídio, vem apresentar NOTA DE PREOCUPAÇÃO diante do posicionamento externado pela autoridade maior do país, conforme expôs a matéria “BOLSONARO RI DE SUPOSTO AUMENTO DE SUICÍDIOS NA PANDEMIA”, veiculada da revista ÉPOCA, no dia 4 de março de 2021.

É consabido que o fenômeno do suicídio é multifatorial, atinge todos os segmentos e estratificações da sociedade, em maior ou menor intensidade. Entretanto, sabe-se que a comunicação inadequada, principalmente aquelas realizadas por autoridades ou personalidades, têm o condão de incentivar condutas indesejadas, em especial para aqueles que estão mais próximos e vulneráveis a esse fenômeno, podendo redundar inclusive na subtração de vidas.

Os indicadores de saúde trazidos por Organismos Nacionais e Internacionais apontam para o impacto da pandemia pelo coronavírus na saúde mental, notadamente diante do luto causado pelas mortes, das perdas materiais e imateriais, trazendo sofrimento psíquico e repercutindo significativamente na vida das pessoas e das famílias, o que se constata pelo aumento dos casos de transtornos de ansiedade, de depressão e angústia.

Por ano mais de 800 mil pessoas no mundo morrem por suicídio, sendo que 79% destes ocorrem em países de baixa e média renda. O Estado do Ceará registrou no ano de 2020 mais de um suicídio a cada 24h, conforme dados da Secretaria de Saúde do Estado. Há muito a prevenção do suicídio deixou de ser apenas uma preocupação, sendo problema de saúde pública e que necessita de estratégias de prevenção e de desmistificação da conduta suicida, a qual não deve ser desqualificada, nem observada com julgamento moral ou provocar indiferença.

Assim, a prevenção e a pósvenção do suicídio são elementos fundamentais para a construção de políticas públicas. Toda a vida importa, sendo essencial a união de esforços e inteligências para preservá-la, tratando o fenômeno com a cientificidade que ele exige.

Diante desse cenário, o Programa Vidas Preservadas tem a convicção de que apenas por meio da Ciência e da formação de uma rede transversal, colaborativa e articulada, envolvendo União, Estados e Municípios, por meio do respeito ao ser humano, do fortalecimento da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial), portanto do SUS (Sistema Único de Saúde), bem como da interação resolutiva com as demais áreas da vida, tais como Educação, Assistência Social, Cultura e Lazer, Planejamento Urbano, Cidadania e Voluntariado, torna-se eficaz prevenir o fenômeno do suicídio e salvar vidas, preservar famílias e enaltecer o espírito humanista que deve nortear todas as nossas ações enquanto pessoas.

No mesmo sentido, o Programa Vidas Preservadas convida a todas as autoridades e cidadãos para contribuírem nesse processo, mitigando dores e sofrimentos e assegurando uma vida em sociedade mais justa, igual e solidária.

Hugo Porto – coordenador do Programa Vidas Preservadas
Hugo Mendonça – secretário-geral da Procuradoria Geral de Justiça
Isabel Pôrto – ouvidora-geral do Ministério Público do Ceará
Eneas Romero – coordenador do Centro de Apoio Operacional da Cidadania
Elizabeth Almeida – coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância, da Juventude e da Educação
Jacqueline Faustino – coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente
Alessandra Xavier – doutora em Psicologia Clínica
Jurema Barros Dantas – coordenadora do Laboratório de Estudos em Psicoterapia, Fenomenologia e Sociedade do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará
Nimara Lourenço Araújo – psicóloga do Programa Vidas Preservadas
Maria Lucinaura Diógenes Olímpio – presidenta do BIADOTE e representante da Sociedade Civil
Renato Roseno – presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Ceará

Secretaria de Comunicação

Ministério Público do Estado do Ceará

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