A cultura cearense ganhou destaque durante o primeiro dia de atividades da Semana do Ministério Público 2021. Nesta terça-feira (14/12), o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) homenageou artistas do movimento sociocultural Pessoal do Ceará, que marcou a música brasileira nos anos 1970 e completará 50 anos em 2022. Por conta da relevância local e nacional, os cantores e compositores Amelinha, Belchior (in memoriam), Ednardo, Fausto Nilo, Raimundo Fagner e Rodger Rogério foram agraciados com a medalha comemorativa dos 130 anos do MP cearense.
A solenidade de homenagem aconteceu em formato híbrido e foi transmitida pelo Canal do MPCE no YouTube. A abertura do evento contou com apresentação da Camerata da Universidade de Fortaleza (Unifor), que emocionou os presentes com a execução de músicas compostas e interpretadas pelos homenageados, sob a coordenação do maestro Marcus Vinícius Cardoso.
O procurador-geral de Justiça, Manuel Pinheiro, abriu oficialmente a solenidade e, na sequência, outorgou as medalhas aos homenageados pela inestimável contribuição à cultura cearense. A cantora Amelinha agradeceu a participação da família, de produtores, compositores, seguidores, fãs e da imprensa em sua carreira. “Agradeço a todas as pessoas que me ajudaram nessa caminhada de percalços, sucessos e vitórias. Por isso é algo muito especial esse momento e também parabenizo o Ministério Público pelos 130 anos”, destacou.
O cantor e compositor Belchior foi representado pelos três filhos, Mikael, Camila e Vannick Belchior. Mikael destacou momentos importantes da carreira do pai, quando Belchior compôs e cantou com os outros homenageados, especialmente nos anos 1970 e 1980, mas também destacou o lado compositor. “Tem aproximadamente 250 obras, mais de 300 fonogramas, dezenas de retratos, sempre com muito entendimento da alma brasileira, sonhador, idealista, erudito, popular. Ficará para sempre na parede da memória de todos nós. Afinal, era o jovem que vivia de sonho e sangue da América do Sul”.
Para Ednardo, o Pessoal do Ceará, cada um com suas peculiaridades e personalidades, viveu como vaqueiro que resiste na Caatinga e espera a chuva. Na opinião do cantor e compositor, assim nasciam as poesias, principalmente com parceiros como Augusto Pontes, Antônio José Soares Brandão, Petrúcio Maia e Téti. “Colocamos muito do nosso sangue e da nossa alma nessas músicas que cantamos. Por isso, para sempre, viva o Pessoal do Ceará”, exaltou.
Segundo o também homenageado Fausto Nilo, o grupo nasceu e se fortaleceu de forma independente, pelo desejo de fazer música. O compositor, na ocasião, atribuiu sua proximidade com as canções. “Por causa deles virei letrista de canções populares”, frisou, destacando que todos, mais do que músicos, são amigos.
Primeiro parceiro de Fausto Nilo, o cantor Raimundo Fagner agradeceu, além da homenagem, o encontro. Fagner antecipou ainda que prepara um projeto em homenagem a Belchior, que incluirá três canções inéditas, além das regravações de A Palo Seco e Hora do Almoço. “Nossa parceria era tão afinada. Esse disco vai nos trazer de volta”, completou.
Rodger Rogério, emocionado com o momento, também agradeceu a homenagem e a oportunidade de encontrar parceiros musicais. O compositor reforçou ainda que as canções marcaram época, firmaram laços entre eles e afirmou que espera que “o Ministério Público faça sempre grandes trabalhos pela cultura do Ceará”.
O procurador-geral de Justiça lembrou, na ocasião, que é papel do poder público proteger e promover o patrimônio cultural. “O direito à cultura é fundamental, difuso e indisponível. A instituição que tem o dever constitucional de tutelar direitos fundamentais, difusos e indisponíveis é o Ministério Público. Então essa homenagem é uma forma de lembrar a enorme responsabilidade que temos de promover e proteger a cultura cearense, em todas as suas expressões. Cabe a nós trabalhar para garantir a universalização, o acesso aos bens culturais, zelar para que haja diversidade e transversalidade nas políticas culturais, para que haja ampliação progressiva nos orçamentos da cultura”, ressaltou Manuel Pinheiro.
Além do procurador-geral, compuseram a mesa a secretária de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos do Estado, Socorro França, representando o governador Camilo Santana; o secretário de Cultura de Fortaleza, Elpídio Nogueira, representando o prefeito Sarto Nogueira; a presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), desembargadora Maria Nailde Pinheiro Nogueira; a procuradora-geral de Justiça do MP do Distrito Federal e Territórios, Fabiana Costa Oliveira Barreto, representando a presidente do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG), Ivana Cei; a presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, desembargadora Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno; a secretária-executiva da Defensoria Pública do Estado do Ceará, Flávia Maria Andrade Lima, representando a defensora pública geral do Estado do Ceará, Elizabeth Chagas; ; o promotor de Justiça e diretor-geral da Escola Superior do Ministério Público do Estado do Ceará (ESMP), Plácido Barroso Rios; a promotora de Justiça e coordenadora do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF), Luciana de Aquino Vasconcelos Frota; e o presidente da Associação Cearense do Ministério Público (ACMP), Herbet Gonçalves Santos.
A representante do CNPG, Fabiana Costa Oliveira Barreto, salientou que nesta terça-feira, Dia do Ministério Público, é importante destacar o papel da instituição no enfrentamento da pandemia e na valorização da cultura. “O MP brasileiro faz questão de estar no Ceará nessa data tão importante e dizer que o Pessoal do Ceará não é só do Ceará, é do Brasil”, pontuou.
Para celebrar o momento, após a homenagem houve apresentações do maracatu Az de Ouro, no foyer da PGJ, e do cantor cearense Marcos Lessa, no jardim da instituição. A noite também contou com apresentações de Fagner e Fausto Nilo, que cantaram juntos e emocionaram os presentes.