Os alunos da Escola de Ensino Fundamental Instituto dos Cegos participaram de uma atividade especial na manhã desta sexta-feira (11). Eles foram os primeiros a visitarem a exposição “Na Ponta dos Dedos”, no Espaço Cultural do prédio da Procuradoria Geral de Justiça, no Cambeba, em Fortaleza. A mostra, realizada em parceria entre o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por meio do Memorial MPCE, e o Museu da Fotografia de Fortaleza (MFF), é um convite à experimentação de outros sentidos na apreciação de uma fotografia. A visitação é gratuita e aberta ao público até o dia 05 de dezembro.
As obras de “Na Ponta dos Dedos” reproduzem imagens impressas em suporte de MDF em terceira dimensão. Assim, é possível tornar a arte ainda mais inclusiva, permitindo que as pessoas com deficiência também desfrutem dessa linguagem. O MFF, responsável pela curadoria da exposição, defende que “a experiência da fotografia é algo que pode ser vivida e sentida por todos”. “Na Ponta dos Dedos” é a finalização de um processo de aprendizagem mútua, de sensibilização à inclusão e de registros inesquecíveis.
O promotor de Justiça e secretário-geral da PGJ, Hugo Mendonça, parabenizou a iniciativa, bem como a parceria que se inicia com a direção do Museu da Fotografia. “É este o Ministério Público que queremos, com as portas abertas à população, principalmente aos mais vulneráveis, com a sociedade participando e nos ajudando a melhorar. Esta parceria é extremamente profícua e valorosa. O Museu da Fotografia é um dos mais belos equipamentos que conheço e queria agradecer à UFC e à UECE que desenvolveram este projeto, sem o qual esta exposição não seria possível. É muito importante para o Ministério Público construirmos uma política pública mais fortalecida. Esperamos que este marco de parceria alcance mais pessoas e gere mais bons frutos em todo estado”, destacou.
De acordo com o promotor de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional da Cidadania (Caocidadania), Élder Ximenes, este trabalho tornou-se possível devido à confluência de fatores tecnológicos, acessibilidade, de políticas públicas em defesa dos direitos da pessoa deficiente e, especialmente, da boa vontade e sensibilidade por parte da administração superior da instituição. Para ele, a arte tem um grande poder de transformação na vida das pessoas, ao proporcionar a possibilidade de desenvolver habilidades interculturais em todas as idades, combatendo, principalmente, os “pré-conceitos” que vivem na sociedade. Além disso, ela muda a forma como as pessoas interagem com o mundo, solucionam seus dilemas e enxergam outras culturas, ao citar a obra “Os comedores de batata”, do pintor Vincent van Gogh, terminada em abril de 1885.
O promotor de Justiça e coordenador auxiliar do Caocidadania, Hugo Porto, demonstrou sua alegria em presenciar de um marco civilizatório. Para ele, a arte é um instrumento plurissemântico capaz de aproximar as pessoas e de mobilizá-las na conquista por seus direitos. “Esta ideia de parceria com o Museu da Fotografia traz novos instrumentos para escutar melhor o cidadão. Esperamos expandir esta exposição e levar este trabalho para outros municípios. A arte é para a humanidade e é o que nos une. A arte existe porque a vida não basta”, disse, parafraseando o escritor Ferreira Gullart.
O representante da Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC) e integrante do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ceará (Cedef), Samuel Chaves da Silva, agradeceu ao Ministério Público pela atitude em ceder o espaço para que a arte possa chegar às pessoas. “A acessibilidade e o acolhimento mostram que o MPCE tem lutado pelas pessoas com deficiência no estado do Ceará. Toda a coletividade ganha com iniciativas como esta que tanto nos impacta de forma positiva”, enfatizou.
O diretor do Museu da Fotografia de Fortaleza, Silvio Ricardo de Oliveira Frota, afirmou que este momento era só o começo de muitas outras oportunidades que podem ser compartilhadas e levadas aos mais diversos públicos. Só neste ano, o Museu já atendeu a 70 mil crianças em outro programa social. O nosso Museu está aberto a todas as pessoas com deficiência e é um prazer enorme capacitá-las não só para apreciar a arte, mas também para serem produtoras de conteúdo artístico, graças ao projeto da UFC e da UECE. Daqui, com o Ministério Público, sairão várias outras ações conjuntas”, reforçou.
Para montar a exposição, a equipe do Museu teve apoio da Universidade Federal do Ceará, da Universidade Estadual do Ceará e da Sociedade de Assistência aos Cegos. Durante o ano de 2019, foi realizada pelo núcleo educativo, junto com o Projeto Fotografia Tátil do Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Design (DAUD) da UFC, a formação em fotografia para pessoas cegas e com baixa visão.
Foram 190 atendimentos a duas turmas de estudantes cegos e com baixa visão, que tiveram contato com equipamentos, com auxílio de regras fotográficas táteis produzidas com MDF para uma melhor compreensão do conteúdo ministrado. A partir disso, os alunos eram estimulados a fazer fotografias em seu dia a dia e dialogar sobre as experiências.
Espaço cultural
O Espaço Cultural do MPCE tem como propósito fomentar e impulsionar o trabalho de artistas plásticos, de músicos, além de profissionais do teatro, da dança, do audiovisual e de outras linguagens, democratizando, assim, o acesso da população aos bens culturais. O Espaço não se limita a um lugar físico, sendo um conjunto de iniciativas do MPCE e também de parceiros para estimular o fazer artístico e contribuir com a disseminação de valores essenciais para o desenvolvimento da representação artística-cultural cearense.
Acesse a galeria de fotos da solenidade de abertura da exposição.
SERVIÇO:
Exposição “Na Ponta dos Dedos”
Data: 11/11 (abertura) a 05/12
Horário: de 9h a 16h
Local: Espaço Cultural da PGJ (Av. Gen. Afonso Albuquerque Lima, 130, Cambeba, Fortaleza)
Visitação gratuita e aberta ao público