Cinco policiais militares foram presos em Fortaleza na 12ª fase da Operação Gênesis do Ministério Público do Estado do Ceará, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO). Eles são acusados de cometer crimes de organização criminosa, extorsão, tráfico, associação para o tráfico e comércio irregular de arma de fogo. Um sexto policial denunciado encontra-se foragido. As prisões foram efetuadas em parceria com a Coordenadoria de Inteligência (COIN) da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará, com o apoio do Comando Geral da Polícia Militar.
Os seis policiais foram denunciados pelo GAECO em junho de 2022. Na época, os pedidos de prisão preventiva e de busca e apreensão foram negados pela Justiça Militar. O MP recorreu da decisão e, no último dia 24 de abril, o Tribunal de Justiça deferiu os pedidos.
A “Operação Gênesis” foi deflagrada pela primeira vez em 2020 com o objetivo de apurar a ação de grupos ligados a organizações criminosas, responsáveis pelo tráfico de drogas e armas, roubos e homicídios na capital cearense e Região Metropolitana. Até agora, já foram expedidos 104 mandados de prisão preventiva, assim como 138 mandados de busca e apreensão nas 11 fases anteriores.
Investigação
Com apoio da Coordenadoria de Inteligência (COIN), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS), o MP identificou, durante as investigações, o envolvimento de traficantes com policiais, que se estruturaram de forma organizada para realizar vários crimes.
A organização criminosa era integrada, em sua maioria, por agentes e ex-agentes de segurança pública do Estado, além de pequenos e médios traficantes locais. Juntos, eles praticaram uma série de infrações penais, dentre elas crimes de extorsão, organização criminosa, comércio ilegal de arma de fogo e outras condutas correlatas.
Os alvos dos policiais eram cuidadosamente escolhidos entre traficantes com considerável poder aquisitivo ou que já tinham alguma passagem pela polícia, o que facilitava as exigências, as abordagens e o alcance das vantagens almejadas pelo grupo. Os agentes públicos tinham acesso ao sistema de informações da Polícia para selecionar as “vítimas” e planejar as ações.
Retrospectiva
1ª fase: Deflagrada em setembro de 2020, foram cumpridos 17 mandados de prisão e de busca e apreensão em Fortaleza e em Maracanaú. Do total de alvos, nove eram policiais militares da ativa, três eram policiais civis da ativa e cinco eram civis (sendo quatro homens suspeitos de atuarem como traficantes e um policial civil aposentado, apontado como o líder da organização criminosa).
2ª fase: Deflagrada em outubro de 2020, foram cumpridos 16 mandados de prisão e de busca e apreensão em Fortaleza e em Caucaia. Entre os alvos, estavam três policiais militares e três policiais civis da ativa, nove suspeitos de tráfico de drogas e um ex-policial militar.
3ª fase: Em maio de 2021, foram cumpridos 26 mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão, sendo 21 contra integrantes de organizações criminosas (08 já recolhidos ao sistema penitenciário estadual) e cinco contra policiais militares do Ceará em Fortaleza e em Caucaia.
4ª fase: Em julho de 2021, foram cumpridos 12 mandados de prisão preventiva e busca e apreensão, dentre eles sete mandados de condução coercitiva em desfavor dos policiais militares e um mandado de prisão contra o militar apontado como líder do grupo, além de medidas cautelares restritivas em desfavor de todos dos suspeitos.
5ª fase: Em setembro de 2021, foram cumpridos 5 mandados de prisão preventiva e busca e apreensão nas cidades de Fortaleza e Pacatuba, havendo, ainda, o cumprimento dos mandados em três unidades prisionais do Estado do Ceará. Na ocasião, foi desarticulada uma organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas ilícitas, receptação e desmanche de veículos roubados.
6ª fase: Em fevereiro de 2022, foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva e dez de busca e apreensão na cidade de Fortaleza, tendo como alvos indivíduos ligados a um núcleo da facção GDE e atuantes no bairro Jangurussu no tráfico de drogas ilícitas, comercialização ilegal de arma de fogo, roubo de veículos, além da prática de homicídios.
7ª fase: Em abril de 2022, foram cumpridos 11 mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão na cidade de Fortaleza, na Região Metropolitana e no interior do estado. Na ocasião, foi desarticulado um núcleo que integra uma facção criminosa, com envolvimento em tráfico de drogas ilícitas, comercialização ilegal de arma de fogo, dentre outros crimes, com atuação preponderante na região dos Bairros Serrinha e Itaoca, em Fortaleza.
8ª fase: Em julho de 2022, foram cumpridos seis mandados de prisão preventiva e nove de busca e apreensão na capital e na Região Metropolitana do estado. Na oportunidade, foi desarticulada uma organização criminosa encabeçada por um policial militar que contava com o auxílio de narcotraficantes, cujo objetivo era identificar indivíduos envolvidos em ações criminosas para, posteriormente, obter vantagens ilícitas. Tem-se que o grupo atuava em Fortaleza e era suspeito de envolvimento em crimes de extorsão, tráfico de drogas ilícitas, de integrar organização criminosa, dentre outros crimes.
9ª e 10ª fases: Em fevereiro de 2023, foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e 31 mandados de busca e apreensão na capital e na Região Metropolitana do estado. Na ocasião, descortinou-se a existência de uma organização criminosa encabeçada por um policial militar, a qual era formada, eminentemente, por policiais militares e por pequenos e médios traficantes locais. Denotou-se que o grupo foi responsável pela prática de uma série de graves infrações penais, dentre elas: extorsões, roubos, tráfico ilícito de entorpecentes, associação para o tráfico, corrupção passiva e o comércio irregular de armas e munições.
11ª fase: Em março de 2024 foi cumprido um mandado de busca e apreensão no Bairro Alagadiço Novo em Fortaleza. Nesta fase foi revelada a participação de um importante integrante de uma facção criminosa com capilaridade nacional.