Para reforçar o compromisso coletivo com a memória, a liberdade e a democracia, o Ministério Público do Ceará abriu nesta segunda-feira (15/09), na Procuradoria Geral de Justiça, em Fortaleza, a exposição “80 anos de Frei Tito: Memória e Justiça”, que celebra o legado do cearense Frei Tito de Alencar Lima na defesa dos Direitos Humanos. A abertura contou com a presença de familiares, amigos do frade dominicano e integrantes do MP do Ceará, que promove a mostra por meio do Departamento de Memória Institucional, da Secretaria de Comunicação.
Realizada em parceria com o Museu do Ceará, a exposição integra as ações comemorativas pelos 80 anos de nascimento de Frei Tito, um dos símbolos contra a repressão durante a ditadura militar no Brasil. Na abertura, o procurador-geral de Justiça, Haley Carvalho, destacou que o MP é um guardião da memória institucional e social. “Estamos aqui para reafirmar esse espaço de memória, de consciência e de esperança. A exposição nos convida a visitar o legado de Frei Tito e a manter viva sua voz e coragem. Ele foi sobretudo um símbolo de resistência e de defesa da liberdade e da dignidade humana. Portanto, preservar a memória é um ato de justiça, porque proteger a verdade é proteger também a democracia”, pontuou.
Para a irmã de Frei Tito, a educadora Nildes Alencar Lima, a luta do irmão em defesa da justiça social, iniciada na Juventude Estudantil Católica (JEC), permanece e deve ser perpetuada para as próximas gerações através da educação. “A vida dele é o que lutamos até hoje, é nossa causa. É na memória que sustentamos a realidade de um mundo que está em construção. Por isso nossa oração era e continua sendo política, social e amorosa”, definiu a educadora, citando um poema feito por ela: “Cada escola que surge é um espaço de libertação. Cada criança acolhida visa uma transformação (…) Na escola nós aprendemos que estudo tem muito valor. Por isso nós defendemos o espaço libertador”.
Para a procuradora de Justiça Sheila Pitombeira, coordenadora do Memorial do MP do Ceará, a exposição convida à reflexão sobre o tempo como fator social, não apenas de lembrança. “Apresentamos uma perspectiva de não só da memória enquanto identidade, recordação, mas do que queremos, do que não pode voltar a acontecer e do futuro promissor, da juventude. A mostra é uma oportunidade de também aprendermos com nossos mártires, aqueles que nos ensinam e nos ensinaram sobre o futuro”, ressaltou.
Também estiveram presentes na abertura da exposição a secretária de Direitos Humanos do Estado, Socorro França; o professor e ex-reitor da Universidade Federal do Ceará, Renê Barreira; o coordenador de Patrimônio da Secretaria de Cultura de Fortaleza, Diego Amora; o superintendente de Desenvolvimento Agrário do Ceará e ativista de Direitos Humanos, João Alfredo; o subprocurador-geral de Justiça Institucional, Maurício Carneiro; e a subprocuradora-geral de Justiça de Governança, Daniele Fontenele.
Debate
Durante a abertura, foi promovido debate com a participação de Frei Xavier Plassat, que acompanhou Frei Tito durante o exílio na França; do historiador e curador do Memorial Frei Tito, professor Régis Lopes, da Universidade Federal do Ceará (UFC); e a sobrinha do homenageado, Lúcia Rodrigues de Alencar Lima. A mediação ficou por conta da procuradora de Justiça Sheila Pitombeira.
Após o debate, Frei Xavier Plassat doou objetos para o acervo da exposição, como uma camisa bordada usada por Frei Tito, a placa de identificação do túmulo de Frei Tito na França; o livro de sua autoria intitulado “As próprias ´pedras gritarão”, que apresenta a ata de uma homenagem feita em 2023 pelo convento onde frei Tito morou na França. “Essa é uma forma de lutar contra o esquecimento. Opressão e mazelas não podem ser perpetuadas como uma repetição do passado. O contrário de memória é amnésia”, classificou.
Para o professor Régis Lopes, a exposição é histórica em vários sentidos. “Isso porque prova que não ficamos em silêncio, porque nos faz pensar e acolher a presença do tempo no ponto de vista pedagógico e educativo. Não estamos calados, porque quando pensamos nessa história a omissão chega a ser criminosa”, frisou, acrescentando que a exposição começa com o nascimento de Frei Tito, mas não termina com sua morte. “Os objetivos fazem a história transbordar”, definiu.
A sobrinha de Frei Tito, Lúcia Rodrigues de Alencar Lima, parabenizou o MP pela iniciativa e, emocionada, disse que o tio estava vivo ali, em cada detalhe pensado para apresentar parte de seu legado. “Essa iniciativa demonstra, para nós, na perspectiva da cidadania, o valor das nossas instituições e o papel delas no fortalecimento da democracia, da memória e dos nossos direitos”, enfatizou.
Exposição
O acervo, pertencente ao Museu do Ceará, reúne objetos pessoais de Frei Tito, como máquina de escrever, rosário, óculos, documentos, livros e fotografias que retratam diversos momentos de sua trajetória. A mostra estará disponível para visitação até 20 de dezembro, no Espaço Cultural da PGJ, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, com entrada gratuita.
Confira a galeria de fotos do evento.
Serviço:
Exposição “80 anos de Frei Tito: Memória e Justiça”
Visitação: Segunda a sexta-feira, 8h às 17h, até 20 de dezembro
Local: Espaço Cultural do MPCE (Av. Gen. Afonso Albuquerque Lima, nº 130, Cambeba, Fortaleza)
Contatos para agendamento: memorial@mpce.mp.br e (85) 3452-3731
Aberta ao público