O juiz de Direito da Vara Única da Auditoria Militar do Estado do Ceará determinou, no dia 14, a apresentação dos três policiais militares denunciados, os soldados Israel Aziz Marques Branco, Francisco Sarmento Rocha Júnior e Thiago de Araújo Ferreira, com expedição de ofício ao Comando Geral da Polícia Militar do Estado do Ceará (PMCE), a fim de que os policiais militares possam ser citados, tomando ciência do teor da Denúncia oferecida pelos integrantes do Núcleo de Investigação Criminal (NUINC) do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE).
A Denúncia foi baseada num Procedimento Investigatório Criminal instaurado para apurar notícias veiculadas pela imprensa local e nacional e no relatório circunstanciado oriundo do 22º Batalhão da Polícia Militar do Estado do Ceará, consistente na prática de tortura cometida por policiais militares contra as vítimas Maria Thamyllys Gomes da Costa, Wanderson Henrique da Silva Costa, Leandro Cardoso Rodrigues, ocorrido no dia 03 de fevereiro de 2019, por volta das 17h, no cruzamento da Rua Fiscal Vieira com Rua do Canal, na comunidade Lagamar, em Fortaleza.
Consta nos autos que no dia do fato ocorria uma festa de pré-carnaval no local e que foi encerrada com a chegada da Polícia Militar. Logo após, o veículo ocupado pelas vítimas e conduzido por Wanderson, que trabalhava como táxi amigo, foi abordado por uma equipe policial, composta pelos três acusados. Em seguida, os policiais militares Israel Aziz Marques Branco e Francisco Sarmento Rocha Júnior, através de socos e chutes, iniciaram as agressões contra as vítimas.
Em determinado momento, o policial militar Branco, conhecido por “Mário”, foi à viatura, pegou um instrumento semelhante a um chicote e desferiu vários golpes contra as vítimas, as quais permaneceram ajoelhadas. Toda a ação delituosa foi filmada por um popular e veiculada na imprensa, gerando grande repercussão nacional.
Os policiais acusados foram ouvidos pelo NUINC e o único que confessou a prática das agressões físicas foi Israel Aziz Marques Branco, o qual relatou que durante a abordagem das vítimas estavam presentes o PM Rocha e o PM Ferreira (motorista). Branco afirmou que pegou uns fios de nylon que estavam próximos ao local e desferiu golpes somente contra Maria Thamyllys. O interrogado disse que perdeu o controle após a mulher chamar os policiais militares de “vagabundos, corruptos”, mas que não fez o procedimento pelo desacato porque a abordagem foi realizada por outra equipe.