A programação cultural do Congresso Regional do Ministério Público, no Cariri, foi aberta nesta quarta-feira (17/09) com uma visita guiada ao Museu Vivo Casarão do Padre Cícero na Colina do Horto, em Juazeiro do Norte. Membros e servidores do MP do Ceará chegaram ao local de teleférico e, aos pés da estátua do sacerdote, participaram de uma edição especial do Clube de Leitura. Foi debatida a obra “Beatos e Cangaceiros”, do escritor juazeirense Xavier de Oliveira. A programação cultural do Congresso segue até sábado (20/09) também nas cidades de Barbalha e Crato.

O procurador-geral de Justiça, Haley Carvalho, participou e pontuou a importância da arte e da cultura como elementos que contribuem para a transformação da sociedade. “A história nos faz refletir sobre as desigualdades sociais que enfrentamos e, a partir disso, forjar nossa atuação em prol da garantia dos direitos dos cidadãos”, salientou.

O diretor-geral da Escola Superior do Ministério Público (ESMP), promotor de Justiça Manuel Pinheiro, destacou que a programação do Congresso, “para além das discussões jurídicas, também dá aos participantes a oportunidade de conhecer a riqueza cultural do Cariri”. Já a coordenadora do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), promotora de Justiça Luciana Frota, ressaltou a emoção “por dividir história, cultura e inspiração de fé na noite de hoje, aos pés do ‘padim’, e com a maior plateia do Clube de Leitura até agora”.

Museu Vivo Casarão do Padre Cícero

Inaugurado em 1999, o Museu Vivo preserva a vida e obra religiosa do Padre Cícero. O local conserva ainda uma exposição fotográfica sobre fatos históricos da região, como a Sedição de Juazeiro do Norte, ocorrida em 1914. Também estão expostos no espaço o testamento e objetos pessoais do sacerdote, que está retratado em tamanho real no casarão juntamente com pessoas de sua convivência. A gestora administrativa do Horto, Francisca Santana, acrescenta que o local é espaço de memória, fé e resistência. “Podemos contemplar no Casarão toda a devoção romeira, através da expressão de fé, de suas promessas e dos agradecimentos pelas graças alcançadas”, contou.

Clube de Leitura

O debate foi mediado pela promotora de Justiça e escritora Grecianny Cordeiro. Para ela, “o livro tem um grande poder simbólico, já que retrata uma Juazeiro do Norte que foi construída graças a fé e a força do povo”. O livro “Beatos e Cangaceiros” retrata com profundidade o coronelismo, o cangaço e a religiosidade no Cariri. Publicado em 1920, a obra revela personagens e cenários do sertão sob o olhar clínico e crítico do autor, que faleceu em 1953. “O livro foi um dos maiores atos de coragem de Xavier de Oliveira, que sempre se mostrou contra o autoritarismo e os excessos praticados contra a coisa pública”, frisou o historiador Roberto Júnior, criador do site “Cariri das Antigas” e editor da versão republicada da obra debatida.

O gestor executivo do Complexo Ambiental Caminhos do Horto, Ricardo Borges, destacou a satisfação de poder receber parte da programação do Congresso Regional do MP no local. “Sabemos que o Ministério Público valoriza e atua em prol do patrimonial material e imaterial, então não medimos esforços para fortalecer essa parceria”, acrescentou.

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