O Ministério Público do Ceará atuou no mês de julho em 44 julgamentos do Tribunal do Júri, na capital. As sessões resultaram na condenação de 40 réus, com penas que somam 865 anos de prisão. O balanço é da Secretaria Executiva das Promotorias de Justiça do Júri de Fortaleza e os casos foram julgados após denúncias oferecidas pelo MP do Ceará por crimes dolosos contra a vida. Entre os júris, os quatro a seguir integram o Programa Tempo de Justiça, que busca julgar os casos no prazo mais rápido possível depois da prática do crime.
No primeiro júri, ocorrido no dia 08 de julho, Alef Maciel Lopes foi sentenciado a 21 anos de prisão pelo homicídio da ex-companheira B. H. C. A. B., com as qualificadoras de motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e feminicídio. O crime ocorreu no dia 15 de abril de 2023, no bairro Centro, em Fortaleza. Alef Lopes, que não aceitava o fim do casamento, matou a ex-companheira a tiros na saída de uma festa. Ela estava em uma casa de shows quando foi procurada pelo ex-marido e, fora do estabelecimento, os dois tiveram uma briga. No fim da festa, quando a vítima voltava para casa a pé, foi seguida e morta pelo réu mediante disparos de arma de fogo.
O segundo caso, ocorrido em 23 de novembro de 2023, resultou na sentença de Carlos Mikael Rodrigues de Aguiar a 23 anos e 6 meses de prisão pelo assassinato de E.K.S.L., com as qualificadoras de motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O réu também foi condenado por integrar organização criminosa. Mikael disparou contra a vítima, de apenas 13 anos, que estava em companhia de outras crianças voltando de uma creche, nas proximidades de uma areninha, no bairro Prefeito José Walter. O réu decidiu executar E.K.S.L. por acreditar que ele estava praticando roubos na região e que possuía vínculos com a organização criminosa rival. A condenação dele foi decidida em sessão do júri realizada em 14 de julho deste ano.
Outro crime, julgado em 23 de julho deste ano, resultou na condenação de Francisco Carlos Sousa Abílio e Gionathan Silva do Nascimento a 19 e 16 anos de prisão, respectivamente. Os dois foram sentenciados com as qualificadoras do motivo torpe e por agirem de modo a impossibilitar a defesa da vítima A.K.D.R, que era moradora de uma área dominada por uma organização criminosa que rivalizava com a dos dois sentenciados. Francisco Carlos e Gionathan utilizaram um carro para ir até o local do crime, no bairro Vicente Pinzón, e não conheciam A.K.D.R., que foi morta apenas por estar consumindo drogas na região. A vítima foi surpreendida por Gionathan que efetuou diversos disparos de arma de fogo e, em seguida, fugiu de carro com o comparsa Francisco Carlos. O crime ocorreu no bairro Vicente Pinzón, em Fortaleza, no dia 3 de agosto de 2024.
Por fim, em sessão do júri no dia 29 de julho de 2025, Charlesson de Araújo Souza foi sentenciado a 42 anos de prisão pelo sequestro e assassinato das vítimas A.L.A.A. e J.Y.S.M., com as qualificadoras de motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. O réu também foi condenado por integrar organização criminosa armada. Na manhã do dia 29 de outubro de 2021, o réu abordou as vítimas acompanhado de comparsas, levando-as até outro local, onde elas foram questionadas pelo “tribunal do crime” sobre de onde eram e a qual facção pertenciam, entre outras coisas. Não satisfeitos com as respostas, sentenciaram as vítimas à morte. Parte da ação foi filmada e compartilhada nas redes sociais. Posteriormente, ambas foram executadas a tiros por Charlesson, em um terreno baldio, nas proximidades da Lagoa do Mondubim.
Tempo de Justiça
O programa Tempo de Justiça é uma parceria entre o MP do Ceará, o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, a Defensoria Pública do Estado do Ceará e a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS), com apoio técnico da Vice-governadoria do Estado.