Após denúncia do Gaeco, Justiça sentencia a mais de 33 anos de prisão um dos investigados na Operação Gênesis


A Vara de Delitos de Organizações Criminosas da comarca de Fortaleza acatou denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por intermédio do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e sentenciou José Abdon Gonçalves Filho a 33 anos, quatro meses e 22 dias de prisão pelos crimes de organização criminosa armada com o concurso de funcionários públicos, tráfico de drogas e comércio ilegal de armas de fogo. Ele é um dos investigados na segunda fase da Operação Gênesis, deflagrada pelo MPCE em parceria com a Coordenadoria de Inteligência da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (Coin), com o intuito de desarticular a ação de integrantes de uma organização criminosa também formada, em maioria, por agentes e ex-agentes da Segurança Pública do Estado do Ceará.

Nessa fase, os alvos eram investigados por diversos crimes, incessantemente planejados e consumados, como extorsão, tráfico de drogas, comércio ilegal de arma de fogo, organização criminosa, entre outros. Com o apoio de diversos órgãos de Segurança Pública, a operação cumpriu 16 mandados de prisão e 16 mandados de busca e apreensão em Fortaleza e em Caucaia contra policiais militares e policiais civis da ativa, suspeitos de tráfico de drogas e um ex-policial militar. A apuração revelou que a organização criminosa desarticulada na segunda fase agia com modus operandi idêntico ao grupo denunciado na primeira fase, formado eminentemente por policiais e informantes, que se articulavam para extorquir e espoliar as vítimas, que, na maioria das situações, eram selecionadas porque já delinquiam. As funções dos membros da referida estrutura eram bem delineadas, sendo a célula policial especializada em agir com o apoio dos demais criminosos, objetivando, na maioria das vezes, a extorsão e a revenda de materiais apreendidos, inclusive drogas e armas, numa espécie de consórcio do crime, com volumoso dinheiro movimentado.

Operação Gênesis

A investigação do MPCE teve início no final de 2016 a fim de desvendar as ações delituosas de grupos ligados a organizações criminosas, responsáveis pelo tráfico de drogas e armas, assaltos e homicídios na capital cearense e região metropolitana. Na primeira fase da Operação Gênesis, os agentes públicos de segurança que integravam a organização criminosa investigada agiam no exercício de suas funções e se utilizavam do aparato estatal para cometer ilícitos. Durante a investigação, no primeiro semestre de 2017, entre os meses de abril e agosto, foi possível identificar outras condutas delituosas envolvendo agentes da segurança pública com traficantes, que se estruturaram de forma organizada para realizar vários crimes e foram objeto da segunda fase da operação. Com o avanço das investigações conduzidas pelo Gaeco, até o momento, a operação chegou à sétima fase, deflagrada em abril deste ano.

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