MPCE realiza evento educativo sobre acessibilidade no Terminal de Messejana


O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), em parceria com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), com a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (ETUFOR), com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE) e com a Coordenadoria Especial da Pessoa com Deficiência de Fortaleza (COPEDEF), realizou, na manhã de segunda-feira (05/12), evento sobre acessibilidade atitudinal no Terminal Rodoviário de Messejana, em Fortaleza. A acessibilidade atitudinal é a percepção do outro sem preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações. Os demais tipos de acessibilidade estão relacionados a ela.

A ação intitulada “Transporte Inclusivo: acessibilidade é nossa responsabilidade” foi proposta pelo Centro de Apoio Operacional da Cidadania (Caocidadania) do MPCE. Segundo o coordenador do Caocidadania e promotor de Justiça Élder Ximenes, a escolha do Terminal da Messejana para a realização o evento se deu por ser um dos maiores da cidade. “Aqui já foram registradas algumas reclamações no que diz respeito à prioridade de fila, de embarque, e nós quisemos começar aqui pelo grande fluxo de pessoas. O objetivo dessa campanha é que tanto os motoristas, quanto o trabalhador usuário do transporte público, sejam educados para o respeito”, explicou.

Para o promotor de Justiça Hugo Porto, coordenador auxiliar do Caocidadania, o evento busca conscientizar a população sobre a acessibilidade e sobre o exercício da cidadania. “Acessibilidade, eu diria que é o fluxo sanguíneo do organismo da cidade. O Ministério Público é um fiscal e ao mesmo tempo um indutor dessa política. Essa atividade não é para a pessoa com deficiência apenas, é para um idoso, é para um obeso, é para uma gestante, é pra uma pessoa que fratura uma perna e precisa de um apoio, enfim, é de todos nós e isso precisa ficar claro para a população”, destacou.

Durante o evento, representantes do Sindiônibus, da Etufor e das empresas de ônibus municipais ouviram depoimentos de pessoas com deficiência, principalmente cadeirantes, que fazem uso do transporte coletivo diariamente.

A professora Silvia Helena Moura Marques é cadeirante e disse esperar que exista uma maior conscientização, principalmente dos motoristas de ônibus. “Que as pessoas se coloquem no nosso lugar, porque nós somos pessoas também e todo mundo merece respeito. Eu acho que as coisas têm que melhorar, pois o tratamento, às vezes, é muito desumano”, defendeu a professora.

Paulo Evair Santiago também é cadeirante e relatou que, certa vez, ao tentar descer do ônibus, o elevador não funcionou e ele acabou perdendo a parada do seu destino. Ele resolveu gravar a situação e fazer a denúncia nas redes sociais e na TV local. “O evento é necessário e ideal para as pessoas com deficiência, mas eles falam muito do que eles fazem para ajudar, mas não chega no diário, no cotidiano. No treinamento de acessibilidade, eles fazem tudo direitinho, mas precisa chegar no dia a dia”, relatou.

Os representantes do setor de transportes municipais ouviram as queixas dos usuários, se comprometendo a manter os esforços para que os problemas sejam reduzidos.

O presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Emerson Damasceno, destacou que é importante a atuação de quem faz parte do sistema de transporte público de Fortaleza para que as pessoas com deficiência não sejam vistas como inimigas. “Elas são fundamentais para que a inclusão das pessoas com deficiência realmente aconteça, porque elas sofrem no dia a dia a exclusão, a discriminação, quando o transporte não é garantido”, afirmou.

Para Dimas Barreira, presidente do Sindiônibus, “o foco do sindicato é que os motoristas continuem melhorando o atendimento. O objetivo em estar aqui é sempre evoluir, melhorando cada vez mais as rotinas de trabalho para atender essas pessoas”.

Assis Reis, diretor da Diretoria de Acessibilidade, Sustentabilidade e Inclusão Social da Etufor (Diasis), elogiou a realização do evento e reforçou que algumas coisas precisam melhorar. “Nós temos, hoje, trinta e quatro mil e quinhentas e cinco pessoas que receberam direito à gratuidade do transporte para pessoas com deficiência e elas estão no transporte público todo dia. Nós já estamos tomando algumas providências como, por exemplo, as vistorias nos terminais de ônibus. Nós temos uma equipe que avalia as plataformas elevatórias dos ônibus”, apontou.

O público geral, que frequentou o Terminal esta manhã, recebeu material educativo com orientações sobre como garantir a acessibilidade para as pessoas com deficiência. Cartazes foram espalhados pelo Terminal da Messejana, os quais contêm QR Code que dá acesso à versão acessível do panfleto.

O Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SEST-SENAT) também esteve presente realizando atividade educativa com os motoristas das empresas de ônibus que atuam no Terminal de Messejana. Na atividade, os motoristas foram conduzidos em cadeiras de rodas e depois fizeram a condução sozinhos. De acordo com a promotora de esporte e lazer do SEST-SENAT Alyne Morais, “o objetivo da atividade é trabalhar a empatia dos profissionais que conduzem os ônibus, trazendo várias reflexões, pois eles vivenciam na prática como seria o cadeirante ao entrar dentro do transporte”.

O evento contou ainda com abordagens lúdicas com palhaços e apresentações culturais de banda de forró formada por deficientes visuais, grupo de dança e show de humor.

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