O Ministério Público do Estado do Ceará atuou no mês de junho em 67 julgamentos do Tribunal do Júri, na capital. As sessões resultaram na condenação de 39 réus, com penas que somam 896 anos de prisão. O balanço é da Secretaria Executiva das Promotorias de Justiça do Júri de Fortaleza e os casos foram julgados após denúncias oferecidas pelo MP do Ceará por crimes dolosos contra a vida. Entre os júris, os quatro a seguir integram o Programa Tempo de Justiça, que busca julgar os casos no prazo mais rápido possível depois da prática do crime.
No primeiro júri ocorrido no último dia 9 de junho, Glaylson da Silva Martins foi sentenciado a 15 anos e seis meses de prisão por tentativa de homicídio da ex-companheira F. D. O., com as qualificadoras de motivo torpe, emboscada e feminicídio. Os dois já haviam tido um relacionamento e, quando a vítima voltou a residir em Fortaleza, passou a ser perseguida pelo homem, que tentava reatar, porém sem sucesso. O réu passou então a perseguir e ameaçar a ex-companheira até que, no dia 22 de janeiro de 2022, quando ela saía de casa para entrar em um veículo de aplicativo, foi atacada por Glaylson, que a golpeou com faca no rosto, nos seios, nos braços e nas pernas. A vítima não morreu porque o motorista do veículo e pessoas que passavam no local interviram.
O segundo caso resultou na sentença de Manoel Bonfim dos Santos Silva a 18 anos e 9 meses de prisão pela morte da companheira A. R. T. S. com disparos de arma de fogo, no veículo onde os dois estavam, no bairro Serrinha, em 8 de outubro de 2020. De acordo com a denúncia, os dois conviviam como casal há dois anos, porém o relacionamento era marcado pelo comportamento ciumento, controlador e possessivo do denunciado, com relatos de brigas em público, além de xingamentos e ameaças de morte dirigidas à vítima. A condenação do réu foi decidida em sessão do júri realizada em 16 de junho deste ano, por homicídio duplamente qualificado por uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e feminicídio.
Outro caso, ocorrido em 6 de abril de 2022, no bairro Barra do Ceará, resultou na sentença de Tiago dos Santos Silva à pena de 35 anos, 9 meses e 7 dias de prisão em sessão do júri realizada no último dia 26 de junho. Tiago foi responsável pela morte por arma de fogo da vítima L. S. L. e pela tentativa de homicídio da vítima V. M. C. M., que só não morreu por ter sido socorrida e encaminhada a uma unidade de atendimento. Conforme a denúncia, Tiago, acompanhado de outra pessoa já julgada, chegou em uma bicicleta, surpreendendo as duas vítimas e atirando contra elas em via pública. O crime foi motivado por rivalidade entre facções criminosas e Tiago foi denunciado por homicídio consumado, tentativa de homicídio e por integrar organização criminosa armada.
Por fim, em sessão do júri no dia 27 de junho de 2025, Idenilson Rodrigues de Lima foi sentenciado a 14 anos de prisão pela morte de P. J. F. no bairro Montese, na madrugada de 14 de julho de 2024. Ele foi julgado por homicídio, com as qualificadoras de motivo fútil, meio cruel e emboscada. Consta na denúncia que a vítima, que sofria de esquizofrenia e alcoolismo, transitava em via pública até passar frente à empresa onde o réu trabalhava, sendo por ele surpreendida. O réu deixou o posto de trabalho para espancar a vítima, agredindo-a até a morte.
Tempo de Justiça
O programa Tempo de Justiça é uma parceria entre o MP do Ceará, o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, a Defensoria Pública do Estado do Ceará e a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS), com apoio técnico da Vice-governadoria do Estado.