Em audiência pública, MP do Ceará cobra melhorias no atendimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no SUS  

Em audiência pública, MP do Ceará cobra melhorias no atendimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no SUS  


O Ministério Público do Estado do Ceará, por meio da 5ª Promotoria de Justiça de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiência, promoveu na manhã da última segunda-feira (22/07) a audiência pública “Os desafios do paciente com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na rede pública de saúde: diagnóstico e acompanhamento multidisciplinar”. Durante o encontro, que aconteceu no auditório da Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), em Fortaleza, foram cobradas melhorias nas políticas e nos serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às pessoas com TEA.   

Dentre as principais cobranças, o promotor de Justiça Eneas Romero ressaltou que a insuficiência de serviços ofertados pelos entes federativos, a ausência de sistematização de dados, o atraso no diagnóstico e no acompanhamento multidisciplinar e a falta de especialistas, a capacitação dos profissionais de saúde para diagnosticar os pacientes com TEA e a má distribuição desses especialistas no estado são os principais problemas identificados. “Uma das questões fundamentais é a insuficiência de serviços ofertados que geram grandes filas, a formação e a falta de profissionais. Esse é um tema que interessa a toda a sociedade, especialmente nos vazios assistenciais em pequenos municípios do interior, onde está o maior drama. Não há profissional para dar diagnóstico, para acompanhar e para atender, isso tudo precisa ser discutido”, destacou o promotor de Justiça.   

A audiência pública contou ainda com a presença dos promotores Isabel Guerra e Germano Guimarães, do Núcleo do Idoso e da Pessoa com Deficiência; Hugo Porto, coordenador auxiliar do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Cidadania (Caocidadania); Karine Leopércio, coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Saúde (Caosaúde); Ana Cláudia Uchoa, titular da 137ª Promotoria de Defesa da Saúde Pública; e a analista ministerial Aline Carvalho, psicóloga das Promotorias da Saúde. Também estiveram presentes representantes das Secretarias de Saúde de Fortaleza (SMS) e do Estado (Sesa); das Secretarias de Educação de Fortaleza (SME) e do Estado (Seduc); da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE); das comissões dos Direitos Humanos, da Pessoa com Deficiência e das Pessoas com TEA da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/CE); da Fundação Casa da Esperança; da Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas Autistas (Abraça) e da sociedade civil.     

 Palestra  

No início da audiência pública, o psiquiatra infantil e preceptor da Residência de Psiquiatria do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto, Alexandre de Aquino, ministrou uma palestra explicando a complexidade do Transtorno do Espectro Autista e a importância da formação adequada dos profissionais de saúde e do tratamento precoce e multidisciplinar para garantir qualidade de vida aos pacientes. “Existe uma carência muito grande de especialistas na área, assim como a manutenção desses profissionais na rede. Outro problema é a demora dos encaminhamentos, que cria uma relação direta com essa questão da falta de capacitação, que podem atrasar o diagnóstico”, pontuou o psiquiatra.    

Encaminhamentos  

Ao fim da reunião, o MP do Ceará cobrou da Sesa e da SMS informações em relação à quantidade pessoas com TEA, neurodeficiências e outros transtornos de neurodesenvolvimento que são atendidas ou que aguardam atendimento no SUS, além de mais detalhes sobre a qualidade e a abrangência dos serviços que são ofertados. O envio dos dados solicitados deve ocorrer em até 15 dias úteis. À Escola de Saúde Pública, foram requeridas mais informações sobre o treinamento de pediatras, clínicos gerais e psiquiatras para o atendimento de pacientes com TEA, além do planejamento sobre a capacitação ampliada de profissionais da saúde para atuarem com esse público. Uma reunião com o superintendente da ESP acontecerá em data a ser definida.   

Por fim, a Seduc e a SME devem apresentar informações sobre o número de pessoas com TEA matriculadas atualmente, detalhes sobre o Atendimento Educacional Especializado (AEE) oferecido para pessoas com TEA, incluindo a quantidade de profissionais e a estrutura ofertada a eles. 

Secretaria de Comunicação

Ministério Público do Estado do Ceará

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